Prevenção e Reabilitação de lesões e patologias do praticante.

Em Maduro&Feroz, o Treino Terapêutico é a componente de partida do nosso processo de Treino, uma vez que se privilegia a Avaliação Diagnóstica rigorosa do praticante, considerando ainda o historial clínico, historial desportivo e/ou de atividade física e consequências do estilo de vida e da profissão. O processo de Avaliação Diagnóstica culmina com a realização de uma Avaliação Postural Estática, Dinâmica e Respiratória do praticante. 

O processo de Avaliação Diagnóstica é fundamental para o treinador poder conhecer detalhadamente as caraterísticas intrínsecas do praticante, procurando identificar se existem ou não desequilíbrios e/ou disfunções musculares e articulares, advenientes de lesões crónicas ou posturas limitantes que  desencadeiam dor, desconforto, limitação respiratória e comprometem a sua qualidade de vida. 

É também com base na Avaliação diagnóstica que o Treinador irá traçar o Planeamento e Estratégias de Treino para combater os desiquilíbrios, disfunções e lesões crónicas  que afetam o praticante, e poder proporcionar a este o desenvolvimento das suas capacidades e até, o seu desenvolvimento atlético.

É importante salientar que Treino Terapêutico e Fisioterapia, Osteopatia, Medicina ou outra Ciência Terapêutica não se subsitituem ou competem entre si mas antes se complementam numa perspetiva Interdisciplinar, para auxiliar a restaurar a saúde do praticante.

Quando alguém padece de um problema crónico, encontra-se num Ciclo Perpétuo de Lesão e Disfunção. 

Exemplo: Imagine-se um praticante de ténis de longa data que desencolveu uma lesão crónica no ombro. Foi observado e diagnosticado por um médico que o encaminhou para um fisioterapeuta a fim de iniciar a sua reabilitação, tendo este último conseguido junto do paciente ultrapassar o quadro inflamatório e restituído localmente mobilidade e estabilidade ao ombro do praticante.

Contudo, o nosso corpo não atua de forma compartimentada, se o praticante não reaprender e reintegrar em termos motores a participação do seu ombro em padrões de movimento globais (combinação de múltiplos grupos musculares e articulares em cadeia) neste caso em movimentos específicos de tenista, significa que se encontra numa situação permanente de disfunção e a possibilidade de reincidir novamente na lesão que o atormentara é quase certa, perpetuando-se o ciclo vicioso de lesão e disfunção. 

Para quebrar este ciclo, o Treino Terapêutico será imperativo para o praticante poder fazer o referido treino integrativo e regressar devidamente recuperado à prática da sua modalidade e ao seu dia-a-dia.

Deste modo, as sessões que dão ênfase à componente de Treino Terapêutico englobam   Técnicas de Mobilidade Progressiva (passiva, assistida ou ativa), Exercícios de Estabilidade e Controlo Motor através da relação Mobilidade/Estabilidade em situações progressivamente desafiantes. O praticante é, assim, persuadido a  reaprender ou melhorar a execução dos Padrões de Movimento Humano Primordiais – caminhar, correr, agachar, puxar, empurrar, alcançar e rodar) com carga progressiva.

O Treino de Força e com ênfase na Coordenação Motora deverá ser uma meta obrigatória, fazendo-se recurso a diversas ferramentas de treino ( ex: peso corporal, halteres, kettlebells, bolas medicinais, bandas elásticas, entre outros).

Aprendizagem e exploração de movimentos no solo.

O Animal Flow nasceu nos Estados Unidos da América em 2011 através de Mike Fitch. É um sistema de movimento e treino do corpo humano  e consiste em realizar posturas, transições e deslocamentos aparentemente semelhantes aos animais. 

Deste modo, visa o desenvolvimento da força, mobilidade, coordenação motora e agilidade, com uma procura estética e artística constante por parte de quem o pratica. Apesar do efeito visual ser o pormenor que mais chama inicialmente a atenção, a prioridade é sempre a saúde e funcionalidade do corpo do praticante, estando o sistema baseado a partir de fundamentos científicos de Biomecânica e Anatomofisiologia atuais devidamente alicerçados. Não obstante todo o atrativo em realizar movimentos alusivos aos animais, a grande finalidade é potenciar o movimento do animal humano. 

Cada praticante, cedo começa a reconhecer com naturalidade todo o trabalho motor envolvido pois, o facto de grande parte do tempo passar pela posição quadrúpede (quatro membros em contato com o solo) leva-o progressivamente a recuperar a riqueza de movimentos desde a fase da Infância mas que, com o passar dos anos de uma vida sedentária e milhares de horas sentado, terá perdido. 

Esta regressão no bom sentido, tem um valor incalculável para a saúde neuromuscular e musculo-esquelética do praticante pois, progressivamente, permite-lhe adquirir a mobilidade e estabilidade que um corpo saudável e funcional deverá ter e, consequentemente, melhor qualidade de movimento e melhor qualidade de vida. 

No Animal Flow, como o praticante mobiliza permanentemente todo o corpo de uma forma integrada, o seu metabolismo é acelerado durante a sua prática, possibilitando um gasto calórico acentuado e contribuindo para a obtenção de uma baixa gordura corporal.

Exploração da dimensão lúdica no exercício e no movimento. 

O praticante é incitado a explorar diversos movimentos em múltiplas direções, “brincando” no solo, praticando destrezas e desafios coordenativos com várias ferramentas (ex: objetos, bolas, acessórios de equilíbrio, raquetas, obstáculos, etc), libertando a sua “criança interior” e esquecendo as imposições e formalismos que os códigos rígidos sociais o sujeita pois, na verdade, nós, animais racionais, à semelhança de todos os outros animais, aprendemos e evoluímos verdadeiramente a partir da brincadeira, exploração e curiosidade. 

As Formas Jogadas potenciam a variabilidade de situações, tarefas e contextos, replicando os fatores aleatórios da vida (pois tudo na vida é variável!). Ao criar-se esta riqueza de estímulos, evita-se a monotonia nos treinos e promove-se a capacidade de adaptabilidade do praticante.

Aprendizagem e prática de gestos de combate simulado.

No conceito Maduro&Feroz, a motivação original para realizarem-se exercícios e movimentos de combate será garantir ao praticante todos os benefícios que tais estímulos proporcionam ao seu corpo - melhoria da velocidade de reação,  agilidade,  destreza motora, equilíbrio e controlo de quedas, entre outros - sem necessariamente se realizarem situações de combate concretas. 

Aliás, importa referir que a segurança do praticante é prioridade máxima absoluta logo, não se pretendem quaisquer riscos de acidente associados a esta componente ou às restantes do sistema. Porém, todas as situações visam uma simulação de oposição. i.e., o instrutor irá interagir diretamente com o praticante de forma a que este possa reagir a estímulos dinâmicos, através de bloqueios, esquivas, contra-ataques, combinações de golpes e quedas. Novamente, na máxima segurança e de forma simulada! 

Saliente-se ainda a grande importância de se treinarem todas as formas de quedas no solo corretamente, após uma situação de desequilíbrio, procurando prevenir os acidentes que mais afetam os cidadãos de idade mais avançada. Neste sentido, as Artes Marciais e de Combate/Defesa Pessoal (Judo, Aikido, Krav Maga, etc) são por excelência os universos que desenvolveram com mestria as formas corretas de cair no solo com vista a salvaguardar a nossa integridade física. 

Prática de exercícios de recuperação do esforço/stress.

Recuperar do esforço é tão importante como dispendê-lo. Quando sujeitamos o nosso corpo a esforços de intensidade maior, estamos intencionalmente a induzir-lhe stress físico e emocional, tendo como efeitos a fadiga muscular, aumento da frequência respiratória e aumento da frequência cardíaca, entre outros. Podemos caraterizar tudo isto como work out (lado Feroz, face Yang).

A finalidade do treino work out é expôr o organismo a essas situações de stress de forma gradual e controlada, para que este crie adaptações e se torne cada vez mais eficiente, resiliente e forte (adaptável). 

Quanto melhor e mais rápida for a recuperação do organismo entre esforços (durante o treino ou entre treinos), mais fácil e mais cedo se conseguem as desejadas adaptações e, mais rapidamente, são obtidos os benefícios que se pretendem alcançar.

Para isso, é necessário realizarmos uma recuperação eficaz. Fazêmo-la a partir de exercícios de  work in que, em lugar de provocarem dispêndio energético, desencadeiam re-energização no nosso organismo. Teremos como práticas preferenciais exercícios respiratórios, de relaxamento muscular ou meditativos. Também poderemos realizar algumas atividades comuns às de work out, mas com um ritmo e intensidade muito mais baixos (ex: exercícios de “shadow boxing” com drills de combate a um ritmo muito lento e “leve”). 

Está amplamente provado em termos científicos que fazer uma recuperação ativa do esforço dispendido é claramente mais vantajoso e eficaz do que uma recuperação passiva (ex: sentarmo-nos a “descansar”).  Em casos de praticantes que estejam a atravessar níveis elevados de stress físico e/ou mental nas suas vidas, a recuperação deverá ser a componente prioritária a  desenvolver nas sessões de treino.

Não é uma dimensão per si mas sim a integração e sinergia entre as restantes cinco dimensões - Treino Terapêutico, Animal Flow, Jogo, Combat Drills e Recuperação.

Em Maduro&Feroz, a prática de cada uma das cinco dimensões de treino não está isolada em relação às restantes. Mediante as necessidades de um praticante, é perfeitamente natural e previsível que se possam estar a realizar exercícios que têm 2 ou mais dimensões em comum. Por exemplo, podemos estar a realizar posturas de Animal Flow de forma modificada, com vista ao Treino Terapêutico e incluir o Jogo com uma bola para criar um contexto de variabilidade e desafiar a estabilidade do praticante. 

Outro exemplo, podemos realizar drills de Combate, para melhorar a conexão entre membros cruzados (braço e perna contrários) também com vista ao Treino Terapêutico e criar estímulos de Jogo, variando os alvos que pretendemos atingir com os nossos gestos.

A Integração está também relacionada com a Abordagem Integrativa que se faz ao praticante.  

Em  Maduro&Feroz, o ser humano é olhado como um organismo biológico não linear, dinâmico e complexo. Significa que, ao contrário de uma máquina programável, nenhum indivíduo tem igual desempenho todos os dias, há múltiplas variáveis que influenciam esse desempenho (nível de energia, estado de humor, emoções, caraterísticas do meio onde estamos, tarefas que temos de resolver, etc). 

Toda a prescrição de treino é determinada por três fatores: 

- Praticante - a quem se destina o treino 

- Contexto - para que ambiente é que se treina o praticante

- Tarefa - qual a tarefa para a qual o praticante treina

Na Abordagem Integrativa considera-se que, para além do todo  ser mais do que a soma das partes, uma parte interfere com o todo, ou seja, se alterarmos uma variável que seja no treino, esta mudança irá ter influência sobre uma multiplicidade de fatores no organismo e desempenho do praticante. 

A Abordagem Integrativa significa igualmente assumir uma Visão Holística do praticante e Ser Humano. 

Nada no nosso corpo está compartimentado em “gavetinhas” e a intervenção que nós pretendemos vai muito para além da prática de atividade física, já que as dimensões cognitiva, emocional, social e até espiritual são tidas em verdadeira consideração em Maduro&Feroz.